quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Obrigado por voar com a nossa companhia.

Ficamos procurando umas analogias baratas para transmitir as coisas de um modo popular, e eu nunca achei nenhuma. Até que eu reconheci que a vida era como um aeroporto. Sempre tem gente partindo e gente chegando. O que é a vida, senão um eterno aeroporto pessoal?
Se uma coisa eu aprendi nas poucas primaveras completas que tenho, é que a gente sempre dá adeus na nossa vida. Mesmo que o adeus chegue cedo para algumas e outras tentam adiar o momento o quanto possível, ele é inevitável.
O adeus virá num dia ensolarado, enquanto os pássaros cantam, enquanto a praia nos chama, enquanto o seu vizinho ganha uma promoção. Santa ironia. Ai que dor, ai que triste, e o mundo continua rodando. Por que será que o mundo não para quando a dor nos atinge?
E somos obrigados a continuar vivendo, sorrindo, amando e todos os outros andos, endos e indos. Parece cruel. E é. Ainda mais cruel por que num outro dia ensolarado e bonito, o qual não parece ter defeito, aqueles dias em que pessoas diferentes acenaram suas mãos num adeus voltam para te lembrar. A vida, baby, não te deixa esquecer. Dizem que quem deixa é o tempo. É mentira. Ninguém esquece do adeus. Uma hora você lembra, e por lembrar você morre de medo de perder quem está com você agora. O adeus pode ser uma certeza, mas os novos olás, as novas vidas esperando para serem descobertas, as experiências novas para serem compartilhadas, as novas almas, são certezas também. E tudo vai ser para sempre de novo. Mas mesmo que seja para sempre, acaba. Pois a eternidade é só um momento. Nada dura mais que uma eternidade, principalmente no nosso aeroporto. No seu, no meu, e em todos os aeroportos. Todos eles são bem movimentados, por você e pelos outros. Muitos chegam, muitos fogem, mas são todos salpicados de adeuses, goodbyes, adiós, au revoirs e auf wiedersehens.

Texto: Mariana S. Cardoso



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